Está
sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não
lhe importa o que vai
pela
frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe
algo mais? Talvez os seios.
Ora
– murmura a bunda – esses garotos
ainda
lhes falta muito que estudar.
A
bunda são duas luas gêmeas
em
rotundo meneio. Anda por si
na
cadência mimosa, no milagre
de
ser duas em uma, plenamente.
A
bunda se diverte
por
conta própria. E ama.
Na
cama agita-se. Montanhas
avolumam-se,
descem. Ondas batendo
numa
praia infinita.
Lá
vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na
carícia de ser e balançar.
Esferas
harmoniosas sobre o caos.
A
bunda é a bunda,
rebunda.
Carlos
Drummond de Andrade
(Brasil
1902-1987)
photo by Google
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