percorrer-te:
eis a cintura
o
lume breve entre as nádegas
e
o ventre, o peito, o dorso
descer
aos flancos, enterrar
os
olhos na pedra fresca
dos
teus olhos,
entregar-me
poro a poro
ao
furor da tua boca,
esquecer
a mão errante
na
festa ou na fresta
aberta
à doce penetração
das
águas duras,
respirar
como quem tropeça
no
escuro, gritar
às
portas da alegria,
da
solidão.
porque
é terrível
subir
assim às hastes da loucura,
do
fogo descer à neve.
abandonar-me
agora
nas
ervas ao orvalho -
a
glande leve.
Eugénio
de Andrade
(Portugal
1923-2005)
" In Obscuro Dominio "
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