Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

14 de abril de 2013

Escravo: Poemas eróticos da Arábia antiga



Dez veses a abandonei e dez vezes voltei.
Agora ela sabe que não partirei mais.
E, contudo, não a quero.
Se ela morresse amanhã, eu seria feliz, seria livre!
Conhecem a vergonha de não poder sair do lado de uma mulher
porque o seu corpo é maravilhoso?
Hoje bati-lhe; e, como continuasse a desafiar-me,
ardente, transfigurada, com uma luz tão bela nos olhos divinos,
atirei-me sobre a sua boca como quem se mata,
e jamais beijo algum foi tão voluptuoso.
Quando a ameaço, estira-se preguiçosamente.
Quando ameaço os seus amantes, põe-se a cantar uma canção jocosa.
Quando falo em matar-me, contenta-se em perguntar:
" E quem cuidará das tuas rosas? "
Assim vivo a minha vergonha, esperando que esse
corpo incomparável
murche, como as minhas rosas.


Anónimo
Arábia antiga
Séc. XII?

Sem comentários: