Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

28 de abril de 2013

Muito pouco : Fernando Pessoa


À beira de que mar
Nos encontrámos já?
Corrias a apanhar
Conchas à beira-mar.
Eu vi-te e não te amei,
Não me amaste, também...
Então porque é que eu sei
Que à beira-mar te amei?
Dá-me as mãos. Sei bem
Que já te tive as mãos
Nas minhas. Houve alguém
Connosco então? E quem?
Pudera! O coração
Conhece mais que nós
Quando virá o perdão
Ao nosso amor de então?



Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
“in Poesia 1902-1917”
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