Amem
outros a graça feminina
Gozem
sonhar seus lábios entre seios
Outros
e muitos... que meus cantos, dei-os
À
tua formosura peregrina...
Meu
doce Apoio jovem... Ó divina
Flor
adónica de ópios e de enleios
Ver-te
é esquecer que há neste mundo anseios
Carnais,
ó □ Vénus masculina.
Ninguém
saberá nunca quem tu és...
Meu
coração, óleo que unja teus pés —
Quem
sabe se tu mesmo o sentirás?...
Que
importa... E a vergonha e o mal que importa?
Quem
me dera viver à tua porta
Inda
que vendo o amor que a outrem dás!...
Fernando
Pessoa
(Portugal
1888-1935)
“in
Poesia 1902-1917”
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