Carta de apresentação
O SECRETO MILAGRE DA POESIA
Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.
Excerto
in Rosa do Mundo
14 de abril de 2013
Espera: José Núncio
A tarde escorrega lentamente
para o rio.
Como uma chama débil
respira o acenar dos choupos.
As palavras,
por detrás do dique,
não resvalam pelas espáduas,
nem os lábios
desaguam nos teus seios.
Sobre algodão em rama,
à escuta,
impaciente
e frágil,
aguardo a minha espera.
O silêncio tem só a espessura de um cabelo.
José Núncio
(Portugal 1938-2006)
in Lunações Íntimas
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