O meu corpo é o
abismo entre eu e eu.
Se tudo é um sonho
sob o sonho aberto
Do céu irreal,
sonhar-te é possuir-te,
E possuir-te é
sonhar-te de mais perto
As almas sempre
separadas,
Os corpos são o sonho
de uma ponte
Sobre um abismo que
nem margens tem
Eu porque me conheço,
me separo
De mim, e penso, e o
pensamento é avaro
A hora passa. Mas meu
sonho é meu.
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
“in Poesia 1902-1917”
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