Bate a luz no cimo
Da montanha, vê...
Sem querer, eu cismo
Mas não sei em quê...
Não sei que perdi
Ou que não achei...
Que mal eu a amei!...
Hoje quero tanto
Que o não posso ter.
De manhã há o pranto
E ao anoitecer.
Tomara eu ter jeito
Para ser feliz...
Como o mundo é
estreito,
E o pouco que eu
quis!
Vai morrendo a luz
No alto da
montanha...
Como um rio a flux
A minha alma banha,
Mas não me acarinha,
Não me acalma nada...
Pobre criancinha
Perdida na
estrada!...
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
“in Poesia 1902-1917”
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