Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

15 de abril de 2013

Deixa-me em paz, Amor: Francisco Figueiroa

 Deixa-me em paz, Amor: eu dei-te o fruto
de meus mais verdes e floridos anos;
meus olhos, indulgentes pra seus danos,
pagarem bem teu injusto tributo.
Não quero agora eu, de rosto enxuto,
são e livre, contar meus desenganos,
nem por alegres e agradáveis panos
trocar teu triste e aflitivo luto.
     Em pranto e em dor preso e carregado
com teus antigos ferros, a jornada
quero acabar desta cansada vida...
     Mas não me dês, Amor, novo cuidado,
nem penses que pod´rá nova ferida
quebrar a fé que nunca foi vergada.


Francisco Figueiroa
(Espanha 1530-1589)
in Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro (Renascimento)
Tradução: José Bento
Editor: Assirio & Alvim
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