Cheio da tua ausência,
Nem sinto a solidão.
Vida, mulher ou mãe,
Feminina saudade,
Enche-me a paz que tem
A morte, a viuvez e a orfandade.
Negativo no amor,
E sua face ainda,
O já não ser amado
É uma pena suspensa
Que liga eternamente o condenado
Ao juiz da sentença.
Triste convívio, basta-me, contudo,
Todo de luto, mudo,
Cumpro os deveres humanos,
Limpo o suor da testa,
E atravesso os anos
Fiel ao desespero que me resta.
Miguel Torga
(Portugal 1907-1995)
in Poesia Completa
Carta de apresentação
O SECRETO MILAGRE DA POESIA
Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.
Excerto
in Rosa do Mundo
21 de abril de 2013
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