Pura?
Como assim?
São
sujas, sujas como as três
Línguas
do sujo e gordo Cérbero
Que
arfa ao portão. Incapaz
De
lamber e limpar
O
membro em febre, o pecado, o pecado.
A
chama chora.
O
cheiro inconfundível
De
um toco de vela!
Amor,
amor, a fumaça escapa de mim
Como
a écharpe de Isadora, e temo
Que
uma das pontas ancore-se na roda.
Uma
fumaça amarela e lenta assim
faz
de si seu elemento. Não vai subir,
Mas
envolver o globo
Sufocando
o velho e o oprimido,
O
frágil
Bebê
em seu berço,
Orquídea
pálida
Suspensa
em seu jardim suspenso no ar,
Leopardo
diabólico!
A
radiação o embarque
E
o mata em uma hora.
Engordurando
os corpos dos adúlteros
Como
as cinzas de Hiroshima que os devora.
O
pecado. O pecado.
Meu
bem, passei a noite
Me
virando, indo e vindo, indo e vindo,
Os
lençóis me oprimindo como o beijo de um devasso.
Três
dias. Três noites.
Limonada,
canja
Aguarda,
água me deixe enjoada.
Sou
pura demais pra você ou pra qualquer um.
Seu
corpo
Me
ofende como o mundo ofende Deus. Sou uma lanterna –
Minha
cabeça uma lua
De
papel japonês, minha pele folheada a ouro
Infinitamente
delicada e infinitamente cara.
Meu
calor não te assusta. Nem minha luz.
Sou
uma camélia imensa
Que
oscila e jorra e brilha, gozo a gozo.
Acho
que estou chegando,
Acho
que posso levantar –
Contas
de metal ardente voam, e eu, amor, eu
Sou
uma virgem pura
De
acetileno
Cercada
de rosas,
De
beijos, de querubins,
Ou
do que sejam essas coisas róseas.
Não
você, nem ele,
Não
ele, nem ele
(Eu
me dissolvo toda, anágua de puta velha) –
Ao
Paraíso.
Sylvia Plath
(USA 1932- England 1963)
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