Carta de apresentação
O SECRETO MILAGRE DA POESIA
Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.
Excerto
in Rosa do Mundo
3 de abril de 2013
Helder Moura Pereira: Dizeres o meu nome
Dizeres o meu nome era a tua melhor carícia, não que gostasses
do som e o escolhesses para um filho. Era apenas o meu nome
quando na sombra o vulto passava e quando o sol contava
pulsações. Assim projectando lazeres nos ramos das árvores,
lembrei-me como era possível voltar a escrever na casa.
E com o canivete fui rasgando corações, depois todo contente
fui fazer uma salada. À tarde apalpei-te e tu deste um gritinho.
Os leitores, dizias a rir, que vão achar os leitores dos pormenores
da tua vida íntima, secreta e privada? Tudo tem de ter
uma lógica, sabes bem, nem que seja a mentir de eu existir
Mesmo num filme sério quando a imagem era cortante de beleza
o teu riso ecoava na sala e a gente culta fazia chiu e voltava
a cabeça para trás. Eu muito envergonhado, jurava para dentro
de mim que nunca mais te levaria ao cinema. Contudo ao mesmo
tempo, achava graça haver uma pessoa que acha graça a tudo
Na cama tu nunca disseste o meu nome, um dia falei-te nisso
e respondeste que era melhor do que gritar é tão bom ó Zé Manel.
Afasta portanto as tuas pernas tensas para que eu possa passar
por inventor e julgar que ninguém faz o que eu faço. Ou então
faz-te difícil para que eu me sinta campeão da poesia mais boçal.
Helder Moura Pereira
(Portugal 1949)
in Lágrima
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