Eu quero sentir -te, Maria, dormir
Tão perto ao meu lado,
E tanto, tão fundo, tão bem o sentir
Que possa enganado
Julgar-me vivendo num pálido além
Contigo somente
E numa só alma que as nossas contêm
Amando-te insciente,
Sentindo-te como sentindo-me a mim,
Em mim embebida;
Sem forma ou lugar, com o tempo sem fim
Medindo essa vida.
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
“in Poesia 1902-1917”
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