Tudo quanto é beleza tu conténs
E quanto de amor há, que o tem nela,
No indefinido sentimento dela:
Tudo isso há em ti, tu és e manténs.
E quanto de amor há, que o tem nela,
No indefinido sentimento dela:
Tudo isso há em ti, tu és e manténs.
A vida com seu vago □ bens
E o mundo de consciência que revela
Tudo se inclui em ti, inda que se vela
O não poder-te ter, tudo que tens.
E o mundo de consciência que revela
Tudo se inclui em ti, inda que se vela
O não poder-te ter, tudo que tens.
Amo-te por amar-te desprezando-me
E o meu desprezo fere o meu amor
Dum sentimento tão total de dor
E o meu desprezo fere o meu amor
Dum sentimento tão total de dor
Que a dor pode ser um sentimento, dando-me
Mais sentir faz-me mais sentir no querer-te
No não poder querer poder obter-te.
Mais sentir faz-me mais sentir no querer-te
No não poder querer poder obter-te.
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
“in Poesia 1902-1917”
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